sexta-feira, 3 de outubro de 2003

“Maconha” do corpo evita ataques

3 de outubro de 2003, Folha de S. Paulo

Marcus Vinicius Marinho
Free-lance para a Folha de S. Paulo.

Muito se fala sobre usos terapêuticos da maconha, mas seus efeitos colaterais sempre representaram uma barreira para essa aplicação. Cientistas europeus, no entanto, acharam um jeito de usar suas propriedades no combate a ataques epiléticos, mas sem o lado ruim: incentivaram a produção interna do corpo de um "primo" do princípio ativo da droga.

A anandamida, essa parente de substâncias presentes na maconha, é produzida por diversos animais, incluindo o homem. Estudando camundongos, pesquisadores na Alemanha, na Espanha e na Itália conseguiram aumentar e direcionar a produção de anandamida no cérebro dos animais, o que reduziu sensivelmente a incidência de ataques similares à epilepsia nos bichos.

"Não se trata de incentivar o uso da maconha. Pelo contrário, estudamos o efeito do THC [tetraidrocanabinol, princípio ativo da maconha] e vimos que ele não funciona sempre e pode tornar alguns tipos de ataque ainda piores", disse o neuropsicólogo suíço Beat Lutz, 42, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

"Quando você fuma [maconha], o cérebro se inunda de THC e ele não vai necessariamente para as áreas de interesse, além de agir além do tempo." diz Lutz. "Em nosso método, nós prolongamos a ação dos canabinóides endógenos, mas na hora e nas áreas do cérebro em que queríamos."

Segundo o pesquisador, a injeção ou a ingestão de anandamida sintética tampouco funciona, pois a substância se degrada rapidamente. "A anandamida existe também no chocolate, mas, para que houvesse efeito, a pessoa teria de comer uma quantidade absurda", diz Lutz. "Embora eu, sendo suíço, goste bastante da idéia."

O segredo do método dos europeus está no controle do CB1, um receptor de canabinóides no cérebro ligado à proteção aos ataques. Para estimular o funcionamento do receptor, Lutz e seus colegas aumentaram a quantidade de anandamida, que já era naturalmente produzida no cérebro do camundongo, bloqueando um de seus inibidores. Com isso, conseguiram reduzir em cerca de 70% os ataques nos animais.

Fonte: http://www.gabeira.com.br/causas/subareas.asp?idArea=1&idSubArea=219

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