sexta-feira, 12 de março de 2004

Condição para vila hippie sobreviver: comportar-se bem

12 de março de 2004, Estadão

Copenhague - O famoso enclave hippie de Christiania pode manter-se como uma comunidade com estilo de vida alternativo, contanto que seus habitantes comportem-se como dinamarqueses “normais” obedientes à lei. Num relatório sobre o futuro de Christiania, o governo da Dinamarca anunciou hoje que eles devem começar a pagar aluguel e adaptar suas residências aos códigos de construção ou serão demolidas.

Entretanto, os 34 hectares do ex-quartel naval que é, agora, o lar de cerca de 1.000 pessoas “deve ser uma área onde há lugar para se viver de um modo diferente”, concordou o ministro da Fazenda Thor Pedersen. “Mas”, ele avisou, “ela deve ser normalizada, precisa respeitar as leis que se aplicam ao resto da sociedade dinamarquesa.”

A comunidade tem suas raízes em 1971, quando dezenas de hippies mudaram-se para o forte do século 18 abandonado, uma propriedade do estado atrás das fortificações da capital. Sociedade livre de freios, tornou-se um oásis da contracultura, com psicodélicos prédios coloridos, maconha à disposição, sem governo, sem carros, sem polícia.

Em 1987, Christiania foi reconhecida como “experimento social” e, dois anos depois, o parlamento deu aos moradores o direito de usar a terra, mas não sua propriedade. Os 15 anos de acordo com o governo estão terminando.

Antes 1º [de ?] de 2005, os moradores deverão fazer acordos coletivos ou individuais com o estado para alugar as áreas que usam. Atualmente, adultos pagam uma taxa fixa mensal de 1.600 coroas dinamarquesas (R$ 771,00) para a comunidade por água, luz e outros serviços.

O governo também critica a mais alta autoridade interna da Christiania, que decide quem pode se estabelecer na comunidade.

“Os moradores estão envelhecendo e há muito poucas famílias jovens com filhos”, disse Bendt Bendtsen, o ministro da Economia e Comércio que está encarregado do alojamento, em uma entrevista coletiva à imprensa.

De acordo com o relatório de 116 páginas do governo, 9% dos moradores têm entre 20 e 29 anos, enquanto em toda Copenhague esse grupo corresponde a 24% da população.

Bendtsen quer que várias casas fora das regras de segurança contra incêndios se regularizem e 20 outras sejam demolidas, por não terem permissão para construção. Segundo ele, várias casas são perigosas para se viver por causa de seu nível de decomposição. E 14, dos 24 prédios que o governo considerou que valiam a pena serem conservados nos anos 80, ruíram. O governo insiste em que “quer que as mudanças aconteçam por meio de diálogo com os moradores”.

Não houve, por enquanto, reação da comunidade, que se tornou uma das maiores atrações turísticas de Copenhague, recebendo cerca de 1 milhão de visitantes anualmente.

Em janeiro, traficantes de haxixe, que vendiam a droga abertamente, demoliram suas barracas de venda para evitar sanções que temiam pudessem levá-los à prisão. O governo vem ameaçando com represálias a vendedores de drogas da área, que são toleradas há muito tempo pela polícia.

Embora as barracas tenham desaparecido, o haxixe ainda é vendido. Desde janeiro, cerca de 865 toneladas de haxixe, com valor estimado em 45 milhões de coroas dinamarquesas (R$ 21.750.000,00) foram apreendidas, disse Bendtsen.

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Fonte: http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/mar/12/93.htm

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