terça-feira, 31 de março de 2009

500 mil fumadores de maconha



http://coisasdasuica.swissinfo.ch/?p=2509
Coisas da Suíça. 31.03.2009



A foto acima mostra a vista aérea de uma típica fazenda no interior da Suíça. O que ela tem de interessante é o detalhe da estranha plantação retangular dentro de outra plantação (à direita das duas casas, no centro da imagem). Vou revelar o segredo: 1.600 pés de maconha, cercado de pés de milho. Seu proprietário foi preso em janeiro depois que a polícia helvética descobriu suas atividades através do Google Maps. No total ele chegou a produzir 1,5 toneladas da droga.

Essa história é apenas para dizer que cannabis sativa continua sendo um tema polêmico no país. Por duas vezes iniciativas populares (propostas de leis que são lançadas em votação após recolher um número mínimo de assinaturas) tentaram legalizar a planta e seu consumo na Suíça, mas sem sucesso. Em 1998, pouco mais de 74% dos eleitores disseram “não”. No final de novembro de 2008, o resultado não foi melhor: 63% de votos negativos.

Com a impossibilidade de legalizar, a discussão agora se volta para a questão: processos penais ou multas contra os consumidores? Para Daniel Meili, a melhor solução seria o pragmatismo. Em entrevista ao jornal “Neue Luzerner Zeitung“, o médico psiquiatra e reconhecido especialista na área de drogas pelo seu trabalho de médico-chefe da Associação Para a Redução dos Riscos no Uso de Drogas, defendeu a proibição do consumo da cannabis sativa, mas recomendou que os usuários recebam apenas multas pecuniárias. Reproduzo aqui a entrevista.

Jornal: Multas ao invés de processos contra fumantes de maconha. Essa é a melhor estratégia?

Daniel Meili: Trata-se de um progresso em relação ao status quo atual.

J: Por quê?

D.M.: Quando analisamos quantas pessoas na Suíça fumam regularmente um cigarro de maconha - estamos falando de 300 mil a 500 mil consumidores - então é fora de proporção levar todas essas pessoas aos tribunais. Para os usuários isso tem um efeito que não é dissuasivo e que não faz ninguém desistir de fumar um joint.

J: Então devemos igualar o consumo de maconha com o estacionamento em local incorreto. Não seria isso uma forma de relativizar ou dizer que este é menos perigoso do que o é?

D.M.: Isso não tem nada a ver com relativização. Segundo as leis, tudo que não toca outras pessoas não é criminoso. Apenas na questão do consumo de drogas ilegais a Lei é interpretada de forma mais severa. Isso não é plausível.

J.: Então o consumo e detenção de cocaína e outras substâncias deveria ser implicado também em um sistema de multas?

D.M.: O governo federal foi ainda mais longe e chegou a propor em 2001 a despenalização do consumo e detenção de drogas ilegais. A penalização do consumo de uma droga não leva a uma redução do consumo. Porém o Parlamento quis deixar a penalização na Lei. Com a única argumentação de que o consumidor prejudica a si próprio. Mas isso não é lógico.

J.: A descriminalização moral diminui o número de fumantes da maconha?

D.M.: O mais importante é que a juventude tenha uma perspectiva, uma boa formação, uma profissão em que ela seja exigida. Também um bom trabalho de prevenção nas escolas precisa ser apoiado. Claro: apenas através da prevenção são poucos aqueles que deixam de experimentar uma vez um joint. Porém a prevenção pode conscientizar de qualquer maneira os consumidores dos riscos da sua atitude. E em terceiro lugar, o governo precisa regular o mercado da maconha.

J.: Então voltamos à questão das lojas que vendem maconha (nota da redação: até poucos anos elas existiam por toda a Suíça, apesar de trabalharem na semi-legalidade).

D.M.: Nessa questão o Estado também tem um controle apenas parcial. A solução seriam lojas autorizadas. Lá as condições de venda estariam reguladas, os preços determinados, a qualidade testada. Na política restritiva atual, isso é fora de realidade. Porém se provou que a ilegalidade apenas traz mais problemas: o que é proibido desperta o interesse, a ilegalidade torna as substâncias impuras e, dessa forma perigosas.

J: o consumo de maconha é então sem perigo?

D.M.: De forma nenhuma. Sobretudo jovens sem perspectiva e em uma fase de desorientação consumem maconha em demasia podem ter grandes problemas psíquicos. Fumar maconha não é menos perigoso do que beber álcool além da conta. Essas pessoas precisam ser ajudadas pela medicina. Penas não ajudam a resolver o problema.

J.: A cannabis é o primeiro degrau na utilização das drogas?

D.M.: Temos na Suíça milhares de pessoas que já tiveram experiência com a maconha. Se ela fosse a droga de entrada, então teríamos muito mais do que 20 mil dependentes de heroína no país.

Fim da entrevista…

Uma comissão parlamentar na Câmara dos Deputados aprovou uma proposta semelhante à feita pelo médico. Agora a questão vai para o Senado e pode até tornar-se lei.

Enquanto isso, a Cannatrade, a maior feira de produtos do cânhamo, já está nos seus últimos preparativos antes de abrir suas portas no início de maio na Basiléia. Polêmica ou não, o fato é que a cannabis sativa também é vista como tema sério por muitos empresários.

domingo, 29 de março de 2009

Apreensões de droga aumentam 36 por cento

http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/africa/Apreensoes-droga-aumentam-por-cento,133d5135-85c1-4dd1-9d7e-65b273b4c2f4.html
29-03-2009 11:10

Praia – A quantidade de droga, sobretudo cocaína e cannabis, apreendida em Cabo Verde, em 2008, pela Polícia Judiciária (PJ) do arquipélago aumentou 36 por cento em relação ao ano anterior, revelou na cidade da Praia, uma fonte da coorporação.



Segundo o director nacional da PJ cabo-verdiana, Óscar Tavares, que falava na sessão de abertura da Reunião de Coordenação e
Planificação Operacional e Estratégica da sua instituição, esta última registou, em 2008, um aumento da produtividade de 31 por
cento.

Óscar Tavares indicou ainda que, no âmbito da luta contra a lavagem de capitais, foram congeladas várias contas bancárias e
apreendidos e arrestados bens móveis e imóveis num valor superior a 130 milhões de escudos (cerca de um milhão 170
milhões de euros).



Os valores dos objectos recuperados aumentaram 1.082 por cento e os monetários cresceram 1.502 por cento, disse.



Ainda sobre o balanço das operações feitas em 2008, Óscar Tavares disse que a PJ registou uma diminuição de 7 por cento dos homicídios simples e 50 por cento dos qualificados.



Como consequência directa, disse, houve um aumento em 20 por cento da taxa de resolução global, consubstanciado em processos
investigados, esclarecidos e remetidos às autoridades judiciárias, e um crescimento de 90 por cento nas detenções por homicídio,
precisou.



Segundo Óscar Tavares, a principal ameaça ao país prende-se com o narcotráfico, tendo a PJ apreendido nos últimos três anos mais de 777 quilos de cocaína e 980 quilos de haxixe, e detido "os responsáveis das principais redes de tráfico de drogas com conexão internacional" que introduziam drogas na Europa através de Cabo Verde.

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Leite de maconha" ganha consumidores na América do Norte

http://www.opantaneiro.com.br/noticias/online.asp?id=82615
O Pantaneiro, 25/03, 10:04

"O 'hemp milk' tem saído tão bem quanto o leite de soja, e pais me dizem que o sabor baunilha é perfeito para as crianças", diz Marcus Amies, gerente da loja de produtos naturais Jimbo's, num subúrbio de San Diego, Califórnia (EUA). O produto -um leite vegetal orgânico com leve sabor de nozes e rico em aminoácidos essenciais e ômega 3 e 6- teria tudo para atingir mercados mundiais de orgânicos, não fosse um detalhe: é feito a partir de Cannabis sativa L., a planta da maconha.

Após seis décadas de proibição no Canadá por seu uso recreativo, o cultivo comercial do cânhamo reiniciou-se em 1998.

Os EUA, que forçaram o vizinho à criminalização nos anos 1930, abocanham hoje 59% das exportações. Lá, o litro do leite de cânhamo custa US$ 4,99; a garrafa de 457 g de azeite, US$ 14,99; e barrinhas energéticas, US$ 2,29. No Brasil, os produtos não estão disponíveis.

Nutrientes

"Como sementes de outras plantas, a maconha tem constituintes nutritivos", diz o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, não há risco de sentir "barato" ao ingerir esses produtos.

"Nas sementes não se encontra quase nada de THC [tetrahidrocanabinol, sua molécula psicoativa]", afirma.

A substância concentra-se na resina excretada pelas flores da planta fêmea, não usada nos alimentos. Ademais, o cânhamo industrial tem concentração de THC de 0,5%, contra mais de 5% da cepa usada para fins recreativos.

Seu óleo é rico em ácidos graxos essenciais -ômega 6 e ômega 3. Embora não sejam sintetizados pelo organismo, são necessários, por exemplo, para a transmissão de impulsos nervosos, síntese de hemoglobina e divisão celular.

"O que chama a atenção não é apenas a quantidade, mas sua proporção", diz a nutricionista Samara Crancio, do Conselho Regional dos Nutricionistas de ES, MG e RJ.

O óleo do cânhamo apresenta uma razão de três partes de ômega 6 para uma de ômega 3 -dentro da ideal, entre 2:1 e 3:1, proposto por pesquisas, diz Crancio. "O mais próximo disso é o óleo de canola, mas o do cânhamo é melhor. Já uma razão muito elevada favoreceria o desenvolvimento de doenças alérgicas, cardiovasculares e inflamatórias."

As proteínas da semente fazem dela uma boa opção vegetariana, segundo a nutricionista. "Poucos alimentos vegetais têm proteínas de alto valor biológico, e entre eles estão as sementes de soja e de cânhamo."

Enquanto a soja é indicada especialmente para mulheres que entram na menopausa ou que precisam fazer reposição hormonal, por conta das isoflavonas -fitoesterol que "imita" o hormônio feminino estrogênio-, o cânhamo é bom para pacientes com deficiência de ácidos graxos essenciais, crianças e atletas, diz Crancio.

Em 100 g de semente ainda estão presentes mais de 100% da recomendação diária de vitamina A e quase o suficiente de B1 e B2. Como sua produção não exige herbicidas nem fertilizantes, sua maior parte é certificada como orgânica, segundo o Departamento de Agricultura do Canadá.

Seria então o alimento perfeito? Ainda é cedo para dizê-lo. "Geralmente, alimentos têm componentes bons e ruins, e o importante é oferecer um que seja seguro. Ainda não encontrei estudos científicos que comprovem que essa semente seja livre de compostos antinutricionais", diz Jocelem Salgado, professora de Nutrição Humana da Esalq-USP e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais.

Produto de exportação

O negócio ainda é pequeno. Segundo a Aliança Comercial Canadense do Cânhamo, o mercado de qualquer nova variedade agrícola demora de 15 a 50 anos para se desenvolver. O cultivo legal do cânhamo mal alcançou uma década.

Ainda assim, as exportações vêm crescendo. Segundo o Departamento de Estatística canadense, o país exportou em 2007 US$ 2,1 milhões em sementes, comparados a US$ 1,3 milhão no ano anterior.

A americana Living Harvest produz o leite de cânhamo há dois anos e, nos próximos meses, lançará o sorvete Tempt. Como o cultivo é ilegal nos EUA, precisa importar toda a matéria-prima do Canadá. Já a Manitoba Harvest, que produz o leite Hemp Bliss, é canadense, mas exporta 65% de sua produção -60% para os EUA.

Mike Fata, presidente da empresa, quer espalhar o leite pelo globo. "Estamos nos mudando para uma fábrica muito maior. [Vamos] aumentar nossa capacidade, dar conta da demanda norte-americana e expandir nossos mercados. Já entramos em contato com empresas no Brasil e vamos lançar produtos aí quando for a hora."

Não será fácil. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe sua importação, seja como matéria-prima, seja como produto semielaborado ou seja como produto acabado, embora a semente já entre no Brasil em rações para aves da família dos psitacídeos (como papagaios).

Jocelem Salgado, que alimenta seus pássaros com esse tipo de ração, crê que as prateleiras brasileiras não receberão cedo os alimentos de cânhamo. "Nossa legislação é mais séria. É necessário muita pesquisa."

Fonte: folha online
 

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