quarta-feira, 30 de abril de 2003

Premiê do Canadá quer descriminalizar posse e cultivo de maconha

30 de abril de 2003, UOL

David Ljunggren

OTTAWA, Canadá (Reuters) - O primeiro-ministro canadense, Jean Chretien, deu mais um passo para outro enfrentamento com os Estados Unidos, depois de anunciar que em breve irá propor uma lei para descriminalizar a posse e o cultivo de pequenas quantidades de maconha.

O anúncio feito na terça-feira é o maior indício de que Ottawa poderá levar a cabo a promessa feita no ano passado para relaxar as leis e fazer com que pessoas detidas por porte de pequenas quantidades de maconha não fiquem marcadas para sempre com antecedentes penais.

Chretien disse, no entanto, que não tem intenções de legalizar a maconha e levaria a cabo estratégias para combater o tráfico.

"Não temos medo de enfrentar questões controversas. É o que se tem de se fazer. Por exemplo, em breve adotaremos uma legislação para descriminalizar a posse de pequenas quantidades de maconha", disse seguido de aplausos aos presentes a um jantar para levantar recursos para o Partido Liberal.

O ministro da Justiça canadense, Martin Cauchon, também presente ao jantar, disse à Reuters que a nova lei será apresentada "o quanto antes" e definitivamente antes que o parlamento entre em recesso, em meados de junho.

O anúncio com certeza não fará Chretien ganhar novos amigos em Washington, onde o governo estadunidense ainda está irritado com a sua decisão de não mandar tropas ao Iraque. Em diversas ocasiões, os EUA expressaram preocupação com a crescente quantidade de maconha canadense que chega ao país através da fronteira.

O ministro Cauchon está estudando um projeto, segundo o qual as pessoas que cultivam ou sejam pegas com até 30 gramas de maconha podem receber uma multa similar às multas de trânsito.

Cerca de 20 mil canadenses são processados por uso de maconha todos os anos. Os que lutam pela causa dizem que isso é injusto e representa um enorme gasto de recursos da polícia que poderiam ser destinados à luta contra o crime organizado.

"Algumas pessoas ficam com antecedentes penais que são uma sombra sobre o resto de suas vidas", disse Chretien.

"Ao mesmo tempo, teremos estratégias para convencer os jovens de que não usem drogas e teremos como objetivo a luta contra os traficantes", completou.

O premiê também brincou com os presentes, dizendo que eles não deveriam se aproveitar da nova lei antes que ela fosse aprovada.

"Não comecem a fumar agora. Nós não estamos legalizando (a maconha), estamos descriminalizando. Portanto, vocês receberão uma outra multa, não a de trânsito, mas (uma por) perder os sentidos, algo como isso."

Fonte: http://www1.uol.com.br/diversao/reuters/ult26u13252.shl

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