15 de abril de 2004, UOL Corpo e Saúde
Estudo publicado nesta quarta (14/04) revela que 9% dos rapazes e 4% das garotas são usuários regulares do entorpecente.
Paul Benkimoun
Tradução: Jean-Yves de Neufville.
Em dez anos, o número de adolescentes que experimentaram a maconha duplicou e, para os jovens a partir de 16 anos, a taxa de consumo regular alcançou o mesmo nível que a do álcool. Os dados foram extraídos dos capítulos que dizem respeito à França na pesquisa intitulada Espad 2003 (European School Survey Project on Alcohol and other Drugs - Projeto de Pesquisa nas Escolas Européias sobre o Álcool e outras Drogas), que foi publicado nesta quarta-feira (14/04).
A pesquisa sobre os níveis de consumo de substâncias que agem sobre o cérebro foi conduzida em trinta países europeus, com base num questionário comum. Na França, ela foi realizada junto a mais de 16 mil alunos com idade de 12 a 18 anos, os quais são escolarizados em 400 estabelecimentos do segundo grau.
O estudo foi coordenado em conjunto pelo Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (cuja sigla em francês é Inserm), e realizado pela equipe de Saúde do adolescente, dirigida por Marie Choquet, e ainda pelo Observatório Francês das Drogas e das Toxicomanias (OFDT, sendo realizado pelo pólo de Inquéritos sobre a população geral, pilotado por François Beck), em parceria com o ministério da Educação nacional. 88% dos rapazes de 12 a 18 anos, e 84% das garotas com a mesma idade já consumiram pelo menos um dos três produtos psicoativos mais difundidos: o álcool, o tabaco ou a maconha.
Enquanto ele permanece muito reduzido aos 12-13 anos, o consumo de maconha "aumenta nitidamente a partir de 14 anos e acaba envolvendo a metade das garotas e os dois terços dos rapazes aos 18 anos", indicam os autores. "É portanto um erro", constata Marie Choquet, "afirmar que a experimentação da maconha está sendo iniciada cada vez mais cedo". O consumo experimental do álcool continua sendo superior ao do tabaco, com uma diferença mais importante aos 12 anos do que aos 18 anos.
As outras substâncias ilícitas são pouco consumidas: menos de 5% para as anfetaminas, o LSD, a cocaína e o ecstasy. O consumo de produtos que devem ser inalados (colas, solventes) varia, contudo, entre os rapazes, de 8,6% aos 12-13 anos, a 12% para os que têm entre 16 e 17 anos, e, entre as garotas, de 6,7% aos 12-13 anos, a 9,7% para as que têm entre 16 e 17 anos.
O fenômeno mais notável diz respeito às utilizações "regulares", isto é, o consumo de pelo menos um cigarro por dia e de pelo menos 10 ingestões por mês de álcool e de maconha. Mais uma vez, os consumidores permanecem raros antes dos 14 anos, qual quer que seja a substância.
Mas "o consumo regular de maconha alcança, com a idade - a partir dos 16 anos - o do álcool", sublinham os autores da pesquisa. Com isso, aos 16 anos, 9% dos rapazes consomem regularmente maconha, enquanto 10% bebem regularmente álcool; entre as garotas, a proporção é 4% para a maconha, e de 5% para o álcool.
"O consumo de álcool permanece estável, enquanto o consumo de maconha aumentou sensivelmente", precisa François Beck. Por sua vez, Marie Choquet não exclui que "no futuro, a maconha possa passar para o segundo lugar entre os produtos consumidos regularmente".
Será que os jovens consumidores regulares são os mesmos para o álcool e a maconha? "Uma minoria, da ordem de um quarto dos consumidores regulares, utiliza os dois", afirma François Beck. "O restante divide-se em duas partes iguais, entre os que só consomem regularmente um dos dois produtos. Estes modos de consumo seguem dois modelos que permanecem bastante diferenciados entre si."
"Nitidamente, o tabagismo cotidiano está muito mais desenvolvido do que o consumo regular de álcool", precisam os autores. A proporção de fumantes diários de tabaco aumenta de 7% para 37% entre a faixa que vai dos 14 aos 18 anos entre os rapazes, e de 6% para 34% entre as garotas.
Diferentemente das outras substâncias psicoativas, não existe, em relação ao tabaco, nenhuma diferença nítida em função do sexo. Contudo, tanto entre os rapazes como entre as meninas, os consumos cotidianos de tabaco estão recuando, após terem aumentado entre 1993 e 1999.
"Estes dados evidenciam a importância do discurso sobre o produto, e não apenas sobre uma abordagem global dos hábitos de consumo", indica Marie Choquet. Esta pesquisa deverá servir de estímulo para o presidente da Missão Interministerial de luta contra a droga e a toxicomania, Didier Jayle, que pretende promover uma campanha de prevenção específica do consumo de maconha.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/ult580u1081.jhtm
quinta-feira, 15 de abril de 2004
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