4 de setembro de 2001, O Globo
David Derbyshire
Do Daily Telegraph.
Glasgow - Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha mostrou que a maconha é capaz de aliviar dores crônicas em vítimas de esclerose múltipla ou de doenças provocadas por lesões na coluna ou nos nervos. Administrado em forma de spray, o THC (princípio ativo da droga), aplicado embaixo da língua, melhorou a qualidade de vida de 17 dos 21 pacientes testados.
De acordo com os cientistas, que apresentaram os resultados preliminares do estudo ontem à Associação Britânica para o Progresso da Ciência, o uso da maconha trouxe basicamente duas vantagens aos seus pacientes: alívio da dor e capacidade de dormir melhor à noite. Willian Norcutt, responsável pela pesquisa no hospital James Paget, em Norfolk, garante que os testes "estão indo muito bem e podem levar a uma nova droga feita à base de maconha".
Apesar de a maconha já ser usada informalmente há muitos anos com o objetivo de aliviar a dor, nenhum estudo comprovou cientificamente a sua eficácia como analgésico - tampouco foi criado um medicamento usando suas propriedades.
Absorção em spray é mais rápida
Enquanto o Canadá tornou-se recentemente o primeiro país do mundo a permitir o uso medicinal da maconha, a Grã-Bretanha é o país que mais realiza pesquisas sobre seus benefícios terapêuticos.
Algumas clínicas britânicas têm autorização para pesquisar medicamentos elaborados a partir da droga, como a GW Pharmaceuticals, responsável pela maconha em spray.
Uma das vantagens de ser administrada em spray é a mais rápida absorção da droga pelo organismo, caindo em poucos minutos na corrente sangüínea. As doses são reguladas de acordo com a necessidade de cada paciente e, segundo Norcutt, "não têm o objetivo de provocar nenhum efeito alucinógeno".
"Preferimos testar a droga em forma de spray porque, ao fumá-la, o pulmão do paciente poderia ser prejudicado", disse o cientista.
O spray foi testado em vítimas de esclerose múltipla, problemas de coluna ou em diferentes nervos do organismo. Os pacientes foram divididos em dois grupos, no qual um recebeu o spray com a droga e o outro, placebo (spray sem o princípio ativo). Os melhores resultados ocorreram no grupo que ingeriu a maconha. A próxima etapa da pesquisa testará 2000 pessoas, entre elas vítimas de câncer e artrite.
Fonte: http://www.gabeira.com.br/causas/subareas.asp?idArea=1&idSubArea=92
terça-feira, 4 de setembro de 2001
sábado, 1 de setembro de 2001
Cannabis e glaucoma: O caso de Robert Randall
Setembro de 2001, revista Cânhamo
Dr. Ricardo Navarrete
No dia 2 de junho de 2001 falecia, aos 53 anos, em sua residência de Sarasota (Flórida), Robert Randall, doente de glaucoma que, depois de lutar contra o governo, conseguiu, em 1976, ser o primeiro cidadão estadunidense com direito legal ao uso da marijuana com fins terapêuticos, desde sua proibição.
O glaucoma se caracteriza pela existência de um excessivo aumento da pressão do humor aquoso que se encontra no interior do olho, seja por uma maior produção da dita substância ou pela dificuldade em sua drenagem. O aumento constante da pressão recai sobre o nervo ótico, que vai se deteriorando, fazendo com que o paciente sofra uma progressiva perda de visão. O glaucoma, a diabetes e a catarata são os principais motivos atuais de cegueira. Existem bons colírios que diminuem a pressão intra-ocular, mas geralmente com efeitos colaterais e desenvolvimento de tolerância. Isto faz com que, freqüentemente, os doentes acabem necessitando de uma intervenção cirúrgica.
O conhecimento e estudo do glaucoma se devem ao desenvolvimento recente do tonômetro, aparelho que mede a pressão ocular. É compreensível, portanto, que não existam referências à doença na literatura médica clássica; assim como inexistem tratados sobre a Cannabis e suas propriedades terapêuticas. Ao contrário do que aconteceu com o descobrimento de outras indicações, não houve casos de pacientes com glaucoma que afirmassem beneficiar-se do uso da maconha, muito menos oftalmologistas que a recomendassem em suas consultas.
O descobrimento dessa indicação se deve a um acontecimento fortuito. Em 1971, a polícia estadunidense queria utilizar como prova incriminatória a suposta midríase (dilatação da pupila) que se acreditava resultado do uso dessa substância. Para isso, encomendaram um estudo aos doutores Hepler e Frank da Universidade da Califórnia, que mediram diversos parâmetros oculares de voluntários que previamente haviam fumado Cannabis. Constatou-se, em vez de dilatação, uma contração de 25-30% (até 50%, em alguns pacientes), desaparecendo o efeito em 4 ou 5 horas.
A maconha é igualmente eficaz por via inalada, intravenosa e oral, ainda que para a eficácia dessa última sejam necessárias doses mais elevadas, de até 20-25mg. Constatou-se, também, que não somente o THC (tetraidrocanabinol, o princípio ativo da Cannabis) diminuía a pressão ocular, como também outros canabinóides como o delta-8-THC e o 11-hidroxi-THC. Sem dúvida, todos eles são psicoativos e, como o glaucoma requer uma terapia contínua, o paciente necessita consumir permanentemente e estar sempre atento aos efeitos. Este é o grande inconveniente da Cannabis para o glaucoma.
No princípio, se pensou que a queda da pressão do líquido intra-ocular provocado pela marijuana se devia à diminuição de água no olho como conseqüência da hipotensão arterial que a Cannabis provoca, efeito parecido ao exercido pelos diuréticos também empregados nessa patologia. Porém, com o descobrimento recente da existência de receptores específicos CB1 no globo ocular, surgiu a possibilidade de desenvolver colírios que atuem exclusivamente sobre eles, evitando desta maneira o efeito psicoativo indesejado. Os canabinóides naturais não são hidrófilos e, por isso, são inúteis neste tipo de preparados. Atualmente, se está trabalhando com uma molécula resultante da união da anandamida com uma substância denominada ciclodextrina, que permitiria sua estabilidade em meio aquoso e absorção pela córnea. Também o conhecimento da mediação dos receptores CB1 no mecanismo de ação dos canabinóides, diferente da que ocorre com os colírios utilizados nesta enfermidade, leva a pensar em uma nova possibilidade terapêutica: a combinação com outros medicamentos atualmente empregados no tratamento, diminuindo a possibilidade de desenvolver tolerância pelo uso prolongado.
Paciente de glaucoma desde a adolescência, Robert Randall soube por um oftalmologista que logo perderia a visão. Com a ajuda do Dr. Hepler, porém, iniciou um tratamento com Cannabis, que ele mesmo plantava, até que foi detido pela polícia. Exigiu, então, que realizassem testes que provaram que a maconha fumada era mais eficaz que os medicamentos convencionais que utilizava. Com a aprovação da FDA (Administração para Drogas e Alimentos), foi inscrito em um programa (atualmente fechado) de uso permitido de drogas ilegais com fins terapêuticos e acompanhado pelos doutores John Mettitt e Richard North, os quais testemunharam no tribunal que a marijuana fumada o havia ajudado a conservar a visão. A partir de então, até sua morte, recebeu cigarros de Cannabis do Estado.
O testemunho de Randall está documentado no site www.marijuana-as-medicine.org/alliance.htm para informar a outros pacientes suas experiências e difundir os estudos clínicos que existem sobre a marijuana e esta doença.
Fonte: http://www.gabeira.com.br/causas/subareas.asp?idArea=1&idSubArea=97
Dr. Ricardo Navarrete
No dia 2 de junho de 2001 falecia, aos 53 anos, em sua residência de Sarasota (Flórida), Robert Randall, doente de glaucoma que, depois de lutar contra o governo, conseguiu, em 1976, ser o primeiro cidadão estadunidense com direito legal ao uso da marijuana com fins terapêuticos, desde sua proibição.
O glaucoma se caracteriza pela existência de um excessivo aumento da pressão do humor aquoso que se encontra no interior do olho, seja por uma maior produção da dita substância ou pela dificuldade em sua drenagem. O aumento constante da pressão recai sobre o nervo ótico, que vai se deteriorando, fazendo com que o paciente sofra uma progressiva perda de visão. O glaucoma, a diabetes e a catarata são os principais motivos atuais de cegueira. Existem bons colírios que diminuem a pressão intra-ocular, mas geralmente com efeitos colaterais e desenvolvimento de tolerância. Isto faz com que, freqüentemente, os doentes acabem necessitando de uma intervenção cirúrgica.
O conhecimento e estudo do glaucoma se devem ao desenvolvimento recente do tonômetro, aparelho que mede a pressão ocular. É compreensível, portanto, que não existam referências à doença na literatura médica clássica; assim como inexistem tratados sobre a Cannabis e suas propriedades terapêuticas. Ao contrário do que aconteceu com o descobrimento de outras indicações, não houve casos de pacientes com glaucoma que afirmassem beneficiar-se do uso da maconha, muito menos oftalmologistas que a recomendassem em suas consultas.
O descobrimento dessa indicação se deve a um acontecimento fortuito. Em 1971, a polícia estadunidense queria utilizar como prova incriminatória a suposta midríase (dilatação da pupila) que se acreditava resultado do uso dessa substância. Para isso, encomendaram um estudo aos doutores Hepler e Frank da Universidade da Califórnia, que mediram diversos parâmetros oculares de voluntários que previamente haviam fumado Cannabis. Constatou-se, em vez de dilatação, uma contração de 25-30% (até 50%, em alguns pacientes), desaparecendo o efeito em 4 ou 5 horas.
A maconha é igualmente eficaz por via inalada, intravenosa e oral, ainda que para a eficácia dessa última sejam necessárias doses mais elevadas, de até 20-25mg. Constatou-se, também, que não somente o THC (tetraidrocanabinol, o princípio ativo da Cannabis) diminuía a pressão ocular, como também outros canabinóides como o delta-8-THC e o 11-hidroxi-THC. Sem dúvida, todos eles são psicoativos e, como o glaucoma requer uma terapia contínua, o paciente necessita consumir permanentemente e estar sempre atento aos efeitos. Este é o grande inconveniente da Cannabis para o glaucoma.
No princípio, se pensou que a queda da pressão do líquido intra-ocular provocado pela marijuana se devia à diminuição de água no olho como conseqüência da hipotensão arterial que a Cannabis provoca, efeito parecido ao exercido pelos diuréticos também empregados nessa patologia. Porém, com o descobrimento recente da existência de receptores específicos CB1 no globo ocular, surgiu a possibilidade de desenvolver colírios que atuem exclusivamente sobre eles, evitando desta maneira o efeito psicoativo indesejado. Os canabinóides naturais não são hidrófilos e, por isso, são inúteis neste tipo de preparados. Atualmente, se está trabalhando com uma molécula resultante da união da anandamida com uma substância denominada ciclodextrina, que permitiria sua estabilidade em meio aquoso e absorção pela córnea. Também o conhecimento da mediação dos receptores CB1 no mecanismo de ação dos canabinóides, diferente da que ocorre com os colírios utilizados nesta enfermidade, leva a pensar em uma nova possibilidade terapêutica: a combinação com outros medicamentos atualmente empregados no tratamento, diminuindo a possibilidade de desenvolver tolerância pelo uso prolongado.
Paciente de glaucoma desde a adolescência, Robert Randall soube por um oftalmologista que logo perderia a visão. Com a ajuda do Dr. Hepler, porém, iniciou um tratamento com Cannabis, que ele mesmo plantava, até que foi detido pela polícia. Exigiu, então, que realizassem testes que provaram que a maconha fumada era mais eficaz que os medicamentos convencionais que utilizava. Com a aprovação da FDA (Administração para Drogas e Alimentos), foi inscrito em um programa (atualmente fechado) de uso permitido de drogas ilegais com fins terapêuticos e acompanhado pelos doutores John Mettitt e Richard North, os quais testemunharam no tribunal que a marijuana fumada o havia ajudado a conservar a visão. A partir de então, até sua morte, recebeu cigarros de Cannabis do Estado.
O testemunho de Randall está documentado no site www.marijuana-as-medicine.org/alliance.htm para informar a outros pacientes suas experiências e difundir os estudos clínicos que existem sobre a marijuana e esta doença.
Fonte: http://www.gabeira.com.br/causas/subareas.asp?idArea=1&idSubArea=97
Cânhamo natural cura as fobias
Setembro de 2001
LONDRES - Substâncias químicas chamadas canabinóides, semelhantes ao Cannabis, o principio ativo do cânhamo, são produzidas naturalmente pelo cérebro e ajudam a administrar o medo e a ansiedade. A ausência dessas substâncias, segundo os cientistas do Instituto de Psiquiatria Max Planck, em Munique, na Alemanha, pode explicar por que algumas pessoas têm mais dificuldade de esquecer acontecimentos dolorosos e sofrer de fobias , estresse pós-traumático e ataques de pânico.
Em estudo publicado na revista científica Nature desta semana, Beat Lutz e outros pesquisadores relatam testes feitos com camundongos em laboratório e sugerem: medicamentos que simulem no cérebro o papel dos canabinóides podem ajudar os pacientes a esquecer as lembranças e os eventos dolorosos.
Dois tipos de camundongos foram preparados para o estudo: um grupo para produzir mais canabinóides e o outro para produzir menos quantidade da substância. Os ratos, então, foram submetidos a uma série de testes, que envolviam sons altos e choques nas patas. [Leia o texto “Em defesa das cobaias”.]
Os pesquisadores notaram que os ratos que produziam menos canabinóides ficaram estáticos ao ouvir os sons que antecipavam o choque. Já os animais com maior quantidade da substância aparentemente esqueciam de associar o som ao choque, e não ficaram paralisados de medo, antevendo o choque nas patas.
Fonte: http://www.gabeira.com.br/causas/subareas.asp?idArea=1&idSubArea=134
LONDRES - Substâncias químicas chamadas canabinóides, semelhantes ao Cannabis, o principio ativo do cânhamo, são produzidas naturalmente pelo cérebro e ajudam a administrar o medo e a ansiedade. A ausência dessas substâncias, segundo os cientistas do Instituto de Psiquiatria Max Planck, em Munique, na Alemanha, pode explicar por que algumas pessoas têm mais dificuldade de esquecer acontecimentos dolorosos e sofrer de fobias , estresse pós-traumático e ataques de pânico.
Em estudo publicado na revista científica Nature desta semana, Beat Lutz e outros pesquisadores relatam testes feitos com camundongos em laboratório e sugerem: medicamentos que simulem no cérebro o papel dos canabinóides podem ajudar os pacientes a esquecer as lembranças e os eventos dolorosos.
Dois tipos de camundongos foram preparados para o estudo: um grupo para produzir mais canabinóides e o outro para produzir menos quantidade da substância. Os ratos, então, foram submetidos a uma série de testes, que envolviam sons altos e choques nas patas. [Leia o texto “Em defesa das cobaias”.]
Os pesquisadores notaram que os ratos que produziam menos canabinóides ficaram estáticos ao ouvir os sons que antecipavam o choque. Já os animais com maior quantidade da substância aparentemente esqueciam de associar o som ao choque, e não ficaram paralisados de medo, antevendo o choque nas patas.
Fonte: http://www.gabeira.com.br/causas/subareas.asp?idArea=1&idSubArea=134
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