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DN Portugal, por PEDRO SOUSA TAVARES 25 Junho 2009
Relatório diz que subiu a média de portugueses que experimentou estupefacientes, mas consumo regular é menor. Tráfico de cocaína preocupa.
Os consumidores de droga em Portugal não aumentaram, estão apenas "mais velhos". É desta forma que João Goulão, presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), lê o relatório sobre "Droga e Crime" das Nações Unidas (ONU), onde se nota uma ligeira subida - entre 2001 e 2007 - na percentagem de portugueses dos 15 aos 64 anos que já experimentaram alguns tipos de narcóticos.
De acordo com o relatório, dentro deste intervalo de idades, os portugueses que tiveram contacto com cannabis passaram de 3,3% para 3,6%, com a cocaína de 0,3% para 0,6% e com as anfetaminas de 0,1% para 0,2%.
Números aparentemente contraditórios com a generalidade dos indicadores existentes em Portugal desde 2001 - ano da descriminalização do consumo de drogas no País -, que apontam para uma redução global dos consumos. Mas que, segundo Goulão, têm apenas a ver com as diferenças entre os grupos analisados nos dois períodos temporais.
"Em 2001, em Portugal, o grupo etário mais próximo dos 64 anos tinha poucas probabilidades de ter experimentado drogas", explicou. "Em 2007, a população que atingiu essas idades já tinha outras características, já era mais frequente encontrar quem tivesse essa experiência."
A "prova" desta leitura, acrescentou, "é o facto de a percentagem de jovens que experimentou drogas ter diminuído no mesmo período", embora mantendo-se relativamente estável, segundo a ONU. "Se há menos jovens a consumir, só podemos concluir que os consumidores portugueses estão mais velhos", afirmou.
Por outro lado, acrescentou, esses indicadores "referem-se a contactos" com estas substâncias. Em relação ao consumo regular, há outros dados que mostram uma evolução favorável: "Os indicadores em que se avalia o consumo no último mês e no último ano estão a cair", garantiu.
João Goulão admitiu, ainda assim, a existência de uma maior percentagem de jovens que já experimentaram cocaína, mas num contexto de consumo "esporádico", associado aos ambientes de diversão nocturna.
Mais preocupante, do ponto de vista português, parece ser a questão do tráfico, também abordada no relatório internacional da ONU. A este nível destaca-se 2006, ano em que, com a apreensão de 34,5 toneladas de cocaína, Portugal "saltou" para o sexto lugar a nível mundial. Um dado associado à utilização de países de língua portu- guesa, como Cabo Verde e a Guiné-Bissau.
Apesar de esse ter sido um ano atípico - em 2007 foram apreendidas apenas 7,4 toneladas -, João Goulão reconheceu ser "sabido que Portugal é hoje uma das principais portas de entrada desta droga na Europa, atrás apenas da Espanha".
A nível mundial, segundo o relatório da ONU, entre 172 milhões e 250 milhões de pessoas entre os 16 e os 64 anos já experimentaram drogas. E de 18 a 36 milhões eram toxicodependentes em 2007.
China, Estados Unidos, Rússia e Brasil têm as maiores percentagens de consumidores de drogas injectáveis, sendo que o Brasil é também o país com maior taxa de consumidores de opiáceos da América do Sul.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
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